sexta-feira, 8 de junho de 2018

Estrada de Ferro Paranaguá - Curitiba

HISTÓRIA DA FERROVIA

1 AS LIGAÇÕES DE CURITIBA COM O LITORAL - RESUMO HISTÓRICO

Denominam-se “caminhos históricos do Paraná” aqueles (pré-cabralianos alguns) que existiam e foram usados, antes que a técnica moderna houvesse fixado em rodovias e na centenária esplêndida ferrovia, os contatos do litoral com o primeiro planalto.
O Caminho do Arraial, Caminho do Itupava e o Caminho da Graciosa, são as ligações terrestres (picadas) mais conhecidas que ligavam o litoral paranaense ao planalto curitibano.

Mais tarde, entretanto, a estrada de ferro foi considerada a única solução para se ligar o planalto ao litoral.

À época, havia disputa entre as cidades de Antonina e Paranaguá, cada uma reivindicando ser o ponto de partida da nova estrada de ferro, mas o Decreto Imperial n° 5.912, de 1° de maio de 1875, pôs fim ao litígio, estabelecendo o Porto D. Pedro II, em Paranaguá, como ponto inicial da ferrovia. Com essa decisão muda a história de Antonina, pois só seis anos após a inauguração oficial da Estrada de Ferro Paranaguá – Curitiba, a interligação Antonina – Morretes começa a operar como um ramal ferroviário da ferrovia principal.

Posteriormente, ambas as concessões (Antonina a Curitiba e Paranaguá a Morretes) foram transferidas para a Compagnie Générale de Chemins de Fer Brésiliens, que executou, inicialmente, o trecho Paranaguá – Morretes, numa extensão de 42 km, em aproximadamente dois anos.

2 CRONOLOGIA DOS FATOS

- Dezembro de 1870: Antônio Pereira Rebouças Filho, Francisco Antônio Monteiro Tourinho e Maurício Schwartz formulam pedido de concessão de uma estrada de ferro Antonina e Curitiba, passando por Morretes.

- 10 de janeiro de 1871: através do Decreto Imperial n° 4674, é concedido o privilégio para a construção da estrada, então denominada Estrada de Ferro Dona Isabel.

- 26 de março de 1872: a Lei Provincial n° 304 concede, aos Engenheiros Pedro Aloys Scherer, José Gonçalves Pêcego Júnior e José Maria da Silva Lemos, o privilégio da construção do trecho ferroviário entre Paranaguá e Morretes, que se integraria aos transportes da Estrada de Ferro Dona Isabel.

- Janeiro de 1873: Antônio Pereira Rebouças Filho entrega, ao Governo da Provínciado Paraná, os estudos da então Estrada de Ferro Dona Isabel.

- 1° de maio de 1875: O Decreto Imperial n° 5912 estabele o Porto D. Pedro II, em Paranaguá, como ponto inicial da estrada de ferro.

- 12 de agosto de 1879: pelo Decreto Imperial n° 7.420, foi autorizada a transferência de todos os direitos à Compagnie Générale de Chemins de Fer Brésiliens.

- Fevereiro de 1880: início dos trabalhos de construção da Estrada de Ferro Paranaguá – Curitiba.

- 5 de junho de 1880: lançamento da pedra fundamental, em Paranaguá, por D. Pedro II.

- 17 de novembro de 1883: inauguração do tráfego regular no trecho Paranaguá – Morretes.

- 02 de fevereiro de 1885: viagem inaugural do trecho Paranaguá – Curitiba

- 05 de fevereiro de 1885: inauguração do tráfego regular no trecho Paranaguá – Curitiba.

- 18 de agosto de 1892: Inauguração do ramal ferroviário Antonina - Morretes

3 PORQUE ESTRADA DE FERRO PARANAGUÁ – CURITIBA?

O decreto imperial nº 5912 de 1º de maio de 1875, determina que o Porto D. Pedro II, em Paranaguá, como ponto de partida da ferrovia. E no dia 05 de junho do mesmo ano, D. Pedro II lançou a pedra fundamental da Estação ferroviária que anos depois seria construída, no ponto inicial da ferrovia, onde até hoje pode ser admirada, e iniciou, simbolicamente, a construção da ferrovia, cujas obras já estavam em desenvolvimento desde o inicio daquele ano. Este fato comprova-se ao ler-se a íntegra da ata oficial depositada sob a pedra fundamental, a qual foi benta pelo Reverendo Padre José Ferreira da Silva, respectivo vigário da Paróquia Nossa Senhora do Rosário.
A pedra fundamental foi lançada entre as ruas Independência, Misericórdia e Largo Duque de Caxias para a Estação inicial da Estrada de Ferro da Província do Paraná.
Da mesma maneira como a Estrada de Ferro teve seu ponto de partida em Paranaguá, assim também ocorreu com a Rodovia 277 que se estende do Porto de Paranaguá até a Ponte da Amizade, na fronteira com o Paraguai, em Foz do Iguaçu, cuja inauguração ocorreu em 7 de abril de 1968, respeitando os mesmos princípios.

4 Etapas da construção da ESTRADA DE FERRO PARANAGUÁ – CURITIBA

A construção da Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba estava divido em três secções distintas:
- a 1ª, com 42 Km: Paranaguá - Morretes;
- a 2ª, com 38 Km: Morretes – Roça Nova; e
- a 3ª com 30 Km: Roça Nova – Curitiba.

A primeira secção era alagadiça, insalubre e cheia de manguezais ; a segunda era a transposição da Cordilheira, e, a terceira, a região do Planalto.

Transposto os terrenos pantanosos da primeira secção, os encarregados da obra enfrentaram os obstáculos da Serra do Mar, onde o comprimento das curvas, somando 23 quilômetros, sobrepujava a extensão das retas, cujo total é de 22 quilômetros.

A segunda secção era considerada a mais difícil e de um arrojo a toda a prova. O engenheiro João Teixeira Soares, que assumira a direção no km 45, com sua competência, conseguiu levar, até o fim, com uma precisão de pasmar, essa maravilhosa obra que, sem dúvida, é a gloria da engenharia brasileira.

A terceira secção era de fracos declives e curvas de raios superiores a 100 metros. Abandonava o alto da serra no divisor das águas do Rio Caiguava, afluente do Piraquara, ganhava o campo, “em grandes alongamentos”, até Curitiba.

Em 5 de junho de 1880, D. Pedro II, em cerimônia rápida, que durou apenas quinze minutos, lançou a pedra fundamental da futura Estação, em Paranaguá.

Era o início da ligação Paranaguá – Curitiba.

Inicialmente, os trabalhos de construção foram chefiados pelo Engenheiro italiano Comendador Antônio Ferrucci, que trabalhou até fins de 1881. A partir de 20 de janeiro de 1882, o representante da Companhia Construtora “Dyle et Bacalan”, no Brasil, O Engenheiro Francisco Pereira Passos, entregou a chefia das obras ao engenheiro brasileiro João Teixeira soares, que levou a termo a construção do trecho ferroviário, sendo o seu primeiro Diretor.

A inauguração do tráfego regular, no trecho Paranaguá – Morretes ocorreu a 17 de novembro de 1883.

E, em 2 de fevereiro de 1885, foi inaugurado o trecho total.

5 INFORMAÇÕES RELEVANTES DO TRECHO PARANAGUÁ – CURITIBA

CRUZ DO BARÃO, a sombra de uma rústica e singela cruz lembra a história triste do trágico fim do Barão do Serro Azul (Ildefonso Pereira Correia), em 20 de maio de 1893.
A fuzilaria, aproximadamente no km 65, à beira do precipício, pôs uma tarja de luto numa página da nossa história. A Cruz do Barão assinala o local onde foram fuzilados além do Barão do Serro Azul os seus companheiros acusados de colaborarem com a revolução federalista. O filme o “Preço da Paz” revela detalhes e fatos desta sangrenta chacina.

GARGANTA DO DIABO, localizada no Km 65+320 metros a poucos metros além do Pico do Diabo, entre os túneis 10 e 11, a fenda entre as altas, irregulares e sombrias escarpas, cortando a montanha, parece formar uma escura e profunda garganta.

PICO DO DIABO, localizado no Km 65+356 metros logo após o Véu de Noiva, à entrada do túnel 11, podendo se avistar o imponente rochedo que se destaca apontando para o céu, como que numa atitude de ameaça.

RIO IPIRANGA: foi represado, a fim de conduzir suas águas para a Usina Hidrelétrica de Marumbi, construída pela então Rede de Viação Paraná – Santa Catarina, para possibilitar o estabelecimento de sua rede elétrica.

VÉU DE NOIVA: encantadora queda d’água, é uma canção em poesia, é beleza de divinal inspiração. É emoção nas alvas e longas dobras brilhantes de um véu nupcial.

CASA IPIRANGA: Localizada no Km 72 da ferrovia por onde cruza o Caminho do Itupava, os registros fotográficos mostra que possuía um estilo colonial. Após a Rede privatizar a linha, foi retirado os seguranças e a casa foi invadida por marginais, restando dela ainda apenas as paredes. É uma parada obrigatória para uma reflexão se comparamos as fotos existentes da época com a situação atual deste imóvel, das ruínas e da roda D água. Aqui é um ponto de descanso para os turistas que passeiam pelo Caminho do Itupava.

VISTA DO LITORAL: à saída do túnel 9, é magnífica a paisagem que se descortina. Apesar da distância, pode-se avistar, como se fossem brancas manchas no verde da mata, Morretes e Porto de Cima, e, em seguida, é todo o litoral que se expõe: a baía de Paranaguá, com suas reentrâncias, e o brilho do sol sobre as águas.

SANTUÁRIO DO CADEADO: Época anterior a construção do Santuário, havia uma casa onde funcionou o escritório da comissão construtora da ferrovia e também serviu de local para servir o almoço aos convidados no dia 2 de fevereiro de 1885, na inauguração da ferrovia. Neste mesmo local foi inaugurado em 5 de fevereiro de 1965, o Santuário Nossa Senhora do Cadeado, por ocasião dos 80 anos da ferrovia Paranaguá – Curitiba está localizado no Km 63,508 metros. É esplendorosa a paisagem que se descortina desse local.

PONTE SÃO JOÃO:

Localizada no Km 62,410 metros a Ponte de São João é uma obra de arte que faz parte do patrimônio histórico cultura do povo paranaense, interligando as Serras do taquaral e Farinha Seca com um vão central de 55 metros de altura acima do fundo da grota onde está o belo rio.
A bibliografia e os registros fotográficos documentam as dificuldades assumidas para a construção desta magnífica obra de arte que teve seu inicio no dia 5 de abril de 1882 pelos Engenheiros Rodolfo Batista e Ernest Medisch e por Antonio Vialle que foi destacado para o canteiro de obras instalado na encosta do Morro do Marumbi juntamente com centenas de trabalhadores cuja a montagem foi totalmente braçal.
Conta Antonio Vialle que para montar esta ponte composta de 4 vãos, sendo 2 de 13 metros, 1 de 17 e 1 de 70 metros, não havia teleférico com cabo de aço, foi improvisado lá na grota o teleférico feito de cipós e taquaras colhidas ali mesmo, e no dia 17 de novembro de 1883 a primeira locomotiva solitária transpôs a ponte fazendo a ligação mais importante da ferrovia, e o tráfego ferroviário a partir daí passou ser constante entre Paranaguá e Curitiba com as Maria Fumaça criando novos hábitos na população local.
Com o objetivo de inaugurar a obra, no dia 26 de junho de 1884, às 10h30 minutos, partiu de Morretes rumo a Ponte São João um trem especial com cinco vagões tracionados por duas locomotivas uma francesa e outra americana e nesse trem estavam ilustres convidados do Engenheiro Teixeira Soares e assim estava a obra inaugurada.
Assim como as demais pontes do trecho, a Ponte São João foi reforçada para suportar o maior peso das locomotivas modernas.

TÚNEL 5: Lindo Trecho da serra do mar, construído sob o Morro Rochedinho próximo do Km 61 da ferrovia, onde está situado a magnífica obra de arte Viaduto Carvalho

VIADUTO CARVALHO: Localizado no Km 60,540 e com aproximadamente 84 metros de comprimento e assentado sobre 5 pilares de alvenaria, na encosta da própria rocha, o Viaduto Carvalho possui 5 vãos, de 12 e 15 metros. A construção deste viaduto constituiu-se um desafio para engenharia, neste local deveria ser um túnel, segundo Rubens R. Habitzreuter, autor do livro A Conquista da Serra do Mar.
O nome desta obra de arte é em homenagem ao então Presidente da Província do Paraná, Carlos de Carvalho.
Ao passar por ele, o viajante tem a impressão de estar sendo lançado no espaço. O cenário é maravilhoso e lá em baixo se avista a usina Marumbi.

USINA HIDRELÉTRICA MARUMBI: Concluída em 5 de abril de 1961 projetada inicialmente para abastecer de energia elétrica o trecho ferroviário Paranaguá e a estação de Engenheiro Bley. Na ferrovia Paranaguá – Curitiba, lembro que nesta época os túneis foram alargados para receber as locomotivas elétricas. A usina hidrelétrica Marumbi é conhecida pelo nome de usina Véu da Noiva por ter sua barragem no Rio Ipiranga próxima a Estação Véu da Noiva e as águas são canalizadas para turbinas em dupla tubulação hidráulica que giram 4 turbinas com potência total de 9,6 MW. Para quem viaja de trem avista a hidrelétrica de diversos pontos com destaque para o Morro Rochedinho e Viaduto Carvalho.

POSTO TELEGRÁFICO DESATIVADO: A fotografia apresentada neste portal, mostra a casa que abrigava os equipamentos de comunicação telegráfica, fica no km 62 entre as estações de Engenheiro Lange e Marumbi, onde se observa a composição saindo do túnel 3.

PICO MARUMBI: próximo à Estação Marumbi faz parte do Conjunto Marumbi, constituído dos seguintes picos: Abrolhos, Torre dos Sinos, Esfinge, Ponta do Tigre, Olimpo (ou Marumbi), Boa Vista e Facãozinho.
Legítima propriedade espiritual dos alpinistas e dos turistas domingueiros, o Pico do Marumbi, foi escalado, pela primeira vez, em 21 de agosto de 1879, e mede 1.547 metros.

PONTE PRETA – PONTE SECA: Foi uma das últimas obras realizada no trecho para transpor a Rua João Negra, em Curitiba. Foi construída prevendo o crescimento da cidade e, também para evitar na época a passagem do gado e muares em frente à estação ferroviária, localizada na Rua Sete de Setembro. segundo Rubens R. Habitzreuter, autor do livro A Conquista da Serra do Mar “no dia comemorativo da emancipação política do Estado, em 1884, às 17h20minutos, a primeira locomotiva de serviço passava sobre a Ponte Seca, com essa ponte as obras da ferrovia aproximavam-se do seu final”.

6 AS ESTAÇÕES - VIAJANDO PELA ESTRADA DE FERRO PARANAGUÁ – CURITIBA.

Pelo orçamento da Estrada de Ferro, contava com as seguintes estações: Paranaguá, D. Pedro II, Alexandra, Morretes, Borda do Campo e Curitiba. Depois a Companhia cessionária seria obrigada a construir a Estação de Pinhais sem aumento das despesas garantidas.

Implicitamente estavam às obras imprescindíveis, as do cais de atracação, de que iriam depender os suprimentos de materiais importados. Quase tudo, à exceção de madeira, foi importado. As próprias telhas das estações primitivas eram legítimas marselhesas (a Estação de Alexandra as conserva até hoje).

Eram 15 as estações existentes no trecho incluindo Antonina e Curitiba, assim distribuídas ao longo da ferrovia. Atualmente basta trafegar pela centenária ferrovia para avaliar o que restou.

Estação de Paranaguá e D. Pedro II. Km 0 – altitude: 4,56 metros acima do nível do mar – inauguradas em 17 de novembro de 1883.

Estação Alexandra. Km 16,180 – altitude: 11,661 metros – inaugurada em 17/11/1883.
Colônia iniciada, em 1871, por Sabino Tripotti, em terras pertencentes aos Municípios de Paranaguá e Morretes, foi dada por fundada em 22 de abril de 1877, com 60 famílias de Abruzzo (Teramo) e Basilicata e 7 pessoas isoladas de Porto Recanate. Foram os primeiros imigrantes italianos localizados no Paraná.
A sede da colônia, hoje Distrito, desta situada na confluência dos rios Toral e Ribeirão.
Na época, foram construídos 3 barracos para hospedaria e demais serviços da colônia, que, além da sede, tinha três núcleos. O Morro dos Ingleses, Toral e São Luiz.

A lavoura da colônia é a mesma do litoral. Uma das indústrias florescentes é a olaria, que forneceu tijolos para os Municípios de Paranaguá e Antonina.

Servida por estrada carroçável para Paranaguá, começou a melhorar sua situação a partir da inauguração da estrada de ferro.
A estação de Alexandra localizada no quilômetro 16,180 e possui uma área total de 254 m2 de plataforma.

Sua Construção, em estilo francês, é a única do trecho que permanece original da época. Suas telhas, também, são legítimas marselhesas.

Edifício com dois pavimentos, o primeiro é destinado aos serviços de passageiros e cargas, e, o segundo, para moradia do agente da Estação.

Foi inaugurada, oficialmente, dois dias após a data em homenagem à Padroeira Nossa Senhora do Rocio.

Estação Saquarema. Km 23,945 – altitude: 5,96 metros – inaugurada em 04 de agosto de 1925 com o nome de estação Jacarehy – nome indígena que significa Rio de Jacarés.

Estação de Morretes. Km 40,900 – altitude: 9,96 metros – inaugurada em 17 de novembro de 1883. Morretes teve seu nome originado no fato de estar a cidade cercada por pequenas elevações (morros); dada sua pequena altitude, surgiu o diminutivo Morretes.
/foi o ouvidor Rafael Pires Pardinho quem em 1721, determinou que a Câmara Municipal de Paranaguá medisse e demarcasse 300 braças em quadra, para servir de localização à sede da futura povoação de Morretes. Mas, somente em 1733, a Câmara de Paranaguá procedeu a medição e demarcação das terras, no porto onde residia o rendeiro João Almeida, para sede da futura povoação.
A Vila de Morretes foi criada em 1º de março de 1841 e passou a Município, desmembrando do de Antonina, em 24 de maio de 1869.
Morretes, localizada próximo ao litoral, é a maior produtora de bananas do Paraná, Cultiva, também, a cana-de-açúcar, a mandioca, laranja, milho, etc., sendo ainda famosa por suas fábricas de aguardente.

Estação Roberto Costa: Localizada entre as estações de Morretes e Porto de Cima no bairro América de Cima, está estação é na realidade um posto de cruzamento de trens aberto em 1987 pela RFFSA. Tem apenas uma linha de desvio, conforme pode ser observado na foto.

Porto de Cima. Km 50,600 – altitude: 233,90 metros-inaugurada em 02 de fevereiro de 1885.
Da estação, pode-se avistar a Vila de Porto de Cima, que deu origem ao nome da estação. A Vila de Porto de Cima, que antigamente foi sede de intenso comércio, pois até ela chegavam grandes canoas e barcaças, pelo rio Nhundiaquara, para apanhar a erva-mate e o pinho que desciam de Curitiba, pelo Caminho do Itupava e pelo Caminho da Graciosa, transportados por lombos de burros e longos carroções. As canoas e barcaças eram levadas ao mar, onde se fazia a baldeação para os navios.
A Vila de Porto de Cima recebeu esse nome por ser o último porto (cima) navegável situado no rio Nhundiaquara. Por falta destas informações erroneamente turistas denominam Porto de Cima para a estação ferroviária e Porto de Baixo para a Vila de Porto de Cima, que está a uma distância de apenas 03 quilômetros da estação ferroviária, numa caminhada leve por um caminho bem conservado e muito freqüentado.

Estação Engenheiro Lange. Km 55,876 – altitude: 376,41 metros – inaugurada em 02 de fevereiro de 1885.
Localizada entre as estações de Marumbi e Porto de Cima, esta estação por muito tempo foi denominada de Volta Grande, pela enorme curva existente entre ela e Marumbi. Dependendo do número de vagões da composição, é comum avistar a locomotiva num extremo da curva enquanto os últimos vagões ainda se deslocam defronte a estação.
É muito comum nesta estação o desembarque, de turistas que gostam de caminhar. Pois dela podemos caminhar até a Usina Hidrelétrica de Marumbi, localizada logo abaixo, é possível seguir o Caminho do Itupava até o Santuário Nossa Senhora do Cadeado, também é possível chegarmos ao Salto do Rosário, Salto do Redondo/Macacos e podemos caminhar até a Vila de Porto de Cima pelo próprio Caminho do Itupava (atual estrada das prainhas).

Estação do Marumbi. Km 59,790 – altitude: 485,09 metros – inaugurada em 1913.
Construída na encosta do Pico do Marumbi, que lhe deu o nome. Por muito tempo se explorou, na localidade, pedreira de esplêndido granito, que serviu de pedestal a muitos monumentos existentes em Curitiba.
Descer nesta estação é estar em contato com o pé do Conjunto Marumbi, local excelente para escalar o conjunto rochoso que possui muitas histórias contadas pelos Marumbinistas fascinados pelo alpinismo.
Conhecer o Conjunto Marumbi, é uma prática comum, pois o local é fascinante e arranca suspiros dos que conseguem vencer esta etapa. Não perca esta oportunidade, oriente-se, programe-se e desça nesta estação.

Estação Véu da Noiva. Km 71,900 – altitude: 683,66 metros – inaugurada em 02 de fevereiro de 1885.

Nesta estação vemos a represa construída no rio Ipiranga, a fim de conduzir suas águas para a Usina Hidrelétrica de Marumbi, construída pela então Rede de Viação Paraná - Santa Catarina (RVPSC), para possibilitar o estabelecimento de sua rede elétrica.

Estação do Ipiranga. Usada apenas em épocas de safra para cruzamentos e agilização no escoamento da safra.

Estação Banhado. Km 74+400 – altitude: 858,46 metros – inaugurada em 02 de fevereiro de 1885.

Próximo a estação de Banhado, encontramos um trecho do Caminho do Itupava, que nos leva até a Vila de Porto de Cima, localizada a 6 Km de Morretes. Uma outra informação desta estação é a Casa do Ipiranga, edificada na época da construção da estrada de ferro, serviu de acampamento ao Engenheiro Teixeira Soares. O Presidente da então Província do Paraná, Dr. Carlos de Carvalho, chegou a nela pernoitar, quando de sua viagem de inspeção às obras.

Estação Roça Nova. Km 80+018 – altitude: 952,03 metros – inaugurada em 02 de fevereiro de 1885.

Está estação possui na sua história, um marco extraordinário para esta ferrovia, o último túnel do percurso da viagem de Paranaguá a Curitiba.
No dia 24 de junho de 1883, pela parte da manhã, foi concluída a perfuração do Túnel de Roça Nova, garantindo-se assim, a penetração dos trilhos no planalto.
Situado no contraforte da serra da Boa Vista, o maciço da serra do Mar, na altitude de 955 metros ( ponto culminante do trecho), no quilômetro 80+033 da ferrovia, o Túnel de Roça Nova, o maior do trecho, é uma escavação em curva com raio de 160 metros, comprimento de 457 metros, dos quais 135 revestidos em alvenaria de pedra.
O trabalhos de perfuração haviam sido iniciados em 10 de janeiro de 1883, com perfuratrizes a ar comprimido, de ambos os lados do monte, coincidindo com a data da segunda visita que o Presidente Carlos de Carvalho fazia à linha férrea.

Estação Piraquara. Km 87+310 – altitude: 897,37 metros – inaugurada em 02 de fevereiro de 1885.

A cidade, que empresta o nome à estação ferroviária, já se chamou Deodoro. Sua planta foi levantada pelo Engenheiro Jorge Benedito Ottoni, então Chefe da 2ª Sub-Divisão da 3ª Secção da construção da Estrada de Ferro. Piraquara é a primeira cidade planificada no Paraná

Estação São Roque. Era um posto de parada construído de madeira, para descida de funcionários do Hospital Sanatório São Roque, hoje existe a penas a plataforma de alvenaria.

Estação Pinhais. Km 102+257 – altitude: 855,67 metros – inaugurada em 02 de fevereiro de 1885.

Estação Curitiba. Km 110+314 – altitude: 896,67 metros – inaugurada em 02 de fevereiro de 1885. Situada à Avenida Sete de Setembro, a antiga Estação Ferroviária de Curitiba, que hoje abriga o Museu ferroviário, foi inaugurada em 1885 e reconstruída em 1897.
O comendador Antônio Ferruci, em 31 de março de 1880, pouco mais de um mês após sua chegada ao Brasil decidiu sobre o local onde seria construída a estação, e após analisar relatório que fora enviado por três engenheiros: um da Câmara Municipal de Curitiba (cujo nome permanece sem identificação), Dr. Francisco de Almeida Torres e Michelângelo Cuniberti, Chefe da 3ª Secção das Obras da Estrada de Ferro de Paranaguá a Curitiba.
No original em francês, Ferruci, demonstra seu interesse pela Rua Leitner, denominada, mais tarde, Liberdade, é, hoje, a rua Barão do Rio Branco.

Estação Antonina

A estação Ferroviária de Antonina, localizada na Av. Uruguai, s/n se constitui no terminal ferroviário da linha Curitiba/Morretes/Antonina, é exemplo vivo da fase áurea da exportação do mate, quando Antonina se destacava como 4º porto brasileiro. A construção deste prédio data do ano 1916, após o incêndio que destruiu a pequena estação em madeira. De estilo eclético, o prédio possui bom desenho de arquitetura, com detalhes e requintes, como a estrutura de cobertura da plataforma de embarque de ferro pré-fabricado.
A linha, com 16 km e apenas uma estação, nunca teve grande movimento, e os trens de passageiros eram sempre mistos (carga e passageiro), chegou até mesmo receber litorina.
Em 1977 a estação foi desativada pela RFFSA tendo sido reativada em 1980, fechada novamente, para reabrir e fechar novamente em 1986, sempre para carga. Em 2003, foi reaberta ao transporte de cargas pela ALL, existindo o projeto de um trem turístico de Morretes a Antonina tocado pela ABPF que também não foi adiante. E no ano de 2002 foi adquirida pela Prefeitura e totalmente restaurada.

Estação Rodo Ferroviária de Curitiba

Em 25 de março de 1969, o então Presidente da RFFSA, General Antônio Andrade Araújo, e Prefeito Municipal de Curitiba, Omar Sabbag, firmaram convênio para a construção da “Estação Rodo ferroviária de Curitiba”, terminal que integraria os transportes ferroviários e rodoviários.
No dia 13 de novembro de 1972, a antiga estação viu os últimos movimentos das composições. Até às 24 horas, sua gare recebeu os derradeiros vagões; às primeiras horas do dia 14, estava vazia, silenciosa. . . Enquanto ali os serviços ferroviários paravam, iniciava-se, na Estação Rodo ferroviária de Curitiba, nova fase na história dos transportes por via férrea no Paraná, com o funcionamento da moderna espaçosa gare, dotada dos mais avançados requisitos técnicos.

Privatização da RFFSA

A linha ainda é hoje praticamente a original, tendo deixado de partir da estação velha de Curitiba, em 1972, para partir da nova, a cerca de apenas um quilômetro da antiga. Até hoje correm trens de passageiros por ela. A linha, incorporada depois pela RVPSC, passou ao controle federal da RFFSA em 1957 e em 1997 foi incorporada na privatização pela FSA - Ferrovia Sul Atlântico, que em 1999 foi incorporado à ALL - América Latina Logística S/ A. Já as atividades de transporte de passageiros entre Curitiba – Morretes operado com trens e litorinas, foi cedido a concessão à Serra Verde Express, que explora esse trajeto atendendo aos domingos com viagens de Curitiba – Paranaguá – Curitiba, mas é bom consultar com o seu agente de viagem antes de agendar o seu programa de final de semana.

Fonte bibliográfica

• 100 anos da ferrovia Paranaguá – Curitiba
Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba – Uma Viagem de 100 Anos – Edição Comemorativa do Centenário da Estrada de Ferro do Paraná Rede Ferroviária S/A - Superintendência Regional – Curitiba - Rua João Negrão, 940 – Curitiba, Paraná – Brasil – 1985 - Cdd (18.Ed) – 385.09816

• Uma viagem pelos trilhos da memória. Centenário da Estrada de Ferro do Paraná (Eventos comemorativos) – 1985.

• Uma conquista da Serra do Mar – Autor: Rubens R. Habitzreuter – Editora Pinha – Edição: 2000.

• O Marumbi por Testemunha – Autor: Lucio Borges – Editora: O Formigueiro – 1984.
• ________________XXXXXXXXXXXXXXXXX___________________

Pesquisa Bibliográfica: Leonardo da S. Mendes - E-mail: leonardo_s_mendes@yahoo.com.br – Cedida para uso exclusivo do portal: www.nossolitoraldoparana.com.br
  • Estação ferroviária Curitiba
  • Vila operária da RFFSA - Piraquara
  • Estação ferroviária de Banhado - Hoje operada pela ALL.
  • RIO IPIRANGA: foi represado, a fim de conduzir suas águas para a Usina Hidrelétrica de Marumbi, construída pela então Rede de Viação Paraná – Santa Catarina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Família e o Impacto da Imigração (Curitiba, 1854-1991)

A Família e o Impacto da Imigração (Curitiba, 1854-1991) Cacilda da Silva Machado 1 Universidade Federal do Pa...