A imagem de 1930 – Mostra a antiga estação ferroviária de Blumenau – demolida a partir de Setembro de 1974
– Esta estação funcionou até 1954 – se localizava onde hoje é a atual prefeitura de Blumenau. Em 13 de março de 1971, os trilhos foram arrancados logo depois, sob protestos da comunidade. O trajeto existente e único restaurado da locomotiva fabricada em 1920 compreende apenas 600 metros, vagão de madeira em seu interior, ainda é possível regressar no tempo. O passeio de trem, no Bairro Bela Aliança, em Rio do Sul, relembra os tempos dourados da Estrada de Ferro Santa Catarina (EFSC),
Idealizadores e construtores da Estrada de Ferro de Santa Catarina, no início do século 20. Sentados da esquerda para direita: Dr. Castilho, o engenheiro Musika, o alemão Werner, inspetor e auxiliar técnico Roepcke.
De pé, os técnicos Ludwig Muzika, Pfau, Gelbert, os engenheiro Hanz Meyer e Schwingt, Mike, Goldner, Schroeder, Otto Rohkohl, Wehlert e Otto Baumeier.
(Imagem: livro A Ferrovia no Vale do Itajaí, de Angelina Wittmann)
Macuca que hoje está na praça ao lado da prefeitura de Blumenau.
Desde 31 de agosto de 1991
Primeira locomotiva de Blumenau. Importada da Alemanha em 1.908, chegou ao Brasil a bordo do Vapor Klobenz que também trazia oitocentas toneladas de material para a Estrada de Ferro Santa Catarina. Sinônimo de progresso e modernidade quando chegou ao município, em 1908 , a Macuca simboliza a memória de uma época. Além disso, reforça a necessidade de preservação da única locomotiva que sobrou da frota da Estrada de Ferro Santa Catarina (EFSC). Produzida em Berlim, na Alemanha, carregava inicialmente a missão de levar material de construção para as obras ferroviárias entre Blumenau e Indaial. Ela veio para o Vale do Itajaí como uma locomotiva para trens de serviço, mas também puxou trens com autoridades ferroviárias e governamentais e até militares em inspeção ao longo da via férrea.Curiosidade: O apelido “Macuca” foi dado carinhosamente pela comunidade devido a semelhança com o macuco (Tinamus Solitárius – Ave da família Tinamidae). Além da anatomia, o seu apito lembrava o piu do macuco e o ruído da descarga de sua caldeira recordava o som produzido pelas asas da referida ave. A locomotiva inaugurou o trecho Blumenau – Warnow ( cidade de Indaial).
História:
Ponte Aldo Pereira de Andrade - Centro de Blumenau e a passagem do trem.
"O primeiro trecho inaugurado em 1909 ligava Blumenau ao Warnow, em Indaial. A possibilidade de percorrer o trajeto a 30 km/h, era fundamental,e mostrava uma nova era pois o transporte mais popular era a carroça na época . Dos 184 quilômetros que a ferrovia já abrangeu, o trem hoje funciona apenas no trecho de Rio do Sul – Ficaram apenas lembranças vivas dos ruídos, a fumaça e o ranger dos trilhos".
A ESTAÇÃO:
A estação de Blumenau, a original, foi inaugurada com a linha, em 03 de maio de 1909, em estilo (Técnica) enxaimel. Em 1.904, o Governo Estadual concedeu autorização a Companhia Colonizadora Hanseática para a construção e exploração de uma via férrea ao longo do Vale. O primeiro trecho, com 30 quilômetros de extensão, entre Blumenau e Warnow, hoje Indaial, foi inaugurado em 3 de maio de 1.909. Em junho do mesmo ano, o leito chegou em Ascurra; e, em outubro em Hansa, atual Ibirama. A Estrada de Ferro Santa Catarina foi a primeira obra da época, realmente planejada na região do Vale do Itajaí. Seu leito foi construído em uma altitude especial, visando a proteção contra as cheias já registradas pelos primeiros colonizadores. Foi desativada em 1954, com a extensão da linha até Itajaí, quando se construiu uma nova estação. Chegou a funcionar por algum tempo juntamente com a nova estação, como pátio de manobras e estação de cargas.
Oficina em 1948
Em 1954, quando o trecho finalmente foi inaugurado, a linha velha permaneceu por uns anos. Normalmente as locomotivas usavam a linha velha para fazer a limpeza da caldeira (jato de vapor) numa ponte que existia perto da velha estação. Mas, isto durou uns anos e depois a linha foi erradicada. A estação velha a partir de 1954, passou a abrigar apenas o escritório da ferrovia, a diretoria, por exemplo, por ser área central da cidade, e assim ficou até a desativação em 13 de março 1971.
Foi este local um dos primeiros a ser "encampado" pela Prefeitura de Blumenau, que ali construiu o fórum da cidade onde era o antigo colégio Luiz Delfino (foto fundos),e onde era a estação a atual prefeitura nova de Blumenau em 1982- e lamentavelmente demolindo a estação, isto já pelos fins de 1968. Além do prédio do fórum, que já não é mais fórum, o local abriga hoje o grande prédio da Prefeitura de Blumenau" (Luiz Carlos Henkels, 2008). Ao lado direito da foto, antigo Hotel Esperança, onde depois foi construída a Casa Willy Sievert, hoje Loja Millium.
Obs: (A Macuca prestou serviço de 1909 até 1935, seria a Locomotiva No. 3, segundo relatórios preservados de Breves Filho, que era o diretor da EFSC. As de No. 1 e 2 foram construídas, respectivamente, em setembro e novembro de 1907, enquanto a Macuca é de 1909. Tanto a No. 1 quanto a No. 2 foram sucateadas em 1932).
Adendo de Luiz Carlos Henkels sobre a última viagem e seus maquinistas
Enviado por Angelina Wittmann
Vamos por partes que o assunto é mais complexo: Dois maquinistas operaram o trem da última viagem. Anibal Rocha na tarde de 12 de março entre Itajaí até Itoupava Seca. Ali trocou a escala. De Itoupava Seca até Trombudo Central, na tarde de 12 de março quem levou o trem foi José Pacheco, ao qual ainda pude entrevistar em 1994.
Agora vamos à composição. O trem na última viagem não tinha mais cargas por questões óbvias. Era um trem mais pra fazer o rescaldo, recolher os vagões que ainda estavam pelas estações. A desativação da EFSC foi uma questão bem planejada Então de Itajaí a Trombudo Central, subindo, o trem tinha apenas 4 vagões tracionados pela locomotiva 331. Era composto da seguinte forma. Atrás da locomotiva um pequeno vagão pra transportar mercadorias avulsas de maior volume numerado como FB 9301. Após este vinha o bagageiro, que é aquele vagão que levava o correio, bicicleta, cachorro, lambreta, verdura, geladeira, armário, etc....e que era também a administração do trem, ou seja abrigava o reservado do chefe de trem. Este carro era o BC 101. Atrás deste vinha o carro passageiro de 2ª classe que neste dia era o S 101 e por fim o último carro que era um misto ( tinha assentos de 1ª classe e 2ª classe ) e que não me lembro qual era porque tinha dois iguais, mas, ou era o PS102 ou o PS103, mas, creio ter sido o PS 103.
Ao chegar a Trombudo o trem voltou imediatamente para Itoupava Seca, conduzido pelo mesmo José Pacheco, recolhendo ainda alguns vagões ao longo das estações. Este trem passou aqui por Encano por volta de 2:00hs da manhã. Levantei para vê-lo passar. Devia ter uns 10 vagões.
No dia 13 de março que era sábado, estes vagões remanescentes foram levados até Itajaí, onde permaneceriam até o momento de serem transladados via marítima até o porto de São Francisco, onde foram incorporados à frota da RVPSC. Neste dia 13 somente a locomotiva 331 voltou para Itoupava Seca, sendo guardada no galpão principal. As locomotivas a vapor eram muito pesadas e o pessoal não queria ter o trabalho de transladar todas as 12 que tinha para São Francisco, por ser desnecessário. Jurássicas como eram, não teriam serventia na RVPSC que já operava a diesel. Assim ficaram em Itoupava até 1973 para daí serem sucateadas.
Nestas operações do dia 13 não se sabe o nome do maquinista. Os ferroviários davam pouca importância pra isso, afinal era só mais um trem na escala deles, apesar de ser a última escala. Interessante também colocar que o próprio José Pacheco se irritou várias vezes na última viagem para Trombudo, pois alguns filhos de ferroviários, para curtir a última viagem, foram na cabine da locomotiva e sucessivamente trilavam o apito pra chamar a atenção, até que irritado, o Pacheco pediu pra eles pararem com essa “M...” porque " estava enchendo o saco". Curto e grosso, o Pacheco não era afeito a esses fru - fru - fru - e me disse que odiava cada vez que alguém acenava ou abanava com lenços a passagem do último trem.
Mas quem apitou pela última vez em Blumenau foi o Aníbal Rocha, já aposentado, em 1973, quando foi convocado para puxar as locomotivas para fora do pátio da Itoupava Seca para o procedimento do sucateamento, quando foi acesa novamente a 331 . Neste dia várias fotos foram feitas e o próprio Anibal Rocha mais afeito à fotos fez .
Este último trem, que como já postei no grupo daEFSC não tinha nada de muito romântico. Nem em Blumenau não tinha muita gente na estação não. A maioria aplaudiu mesmo é a parada do trem que “enfeava " a glamorosa Blumenau de então e o trem era tido como o transporte da pobreza de então e como alguém escreveu num jornal de Brusque, que o trem servia mesmo só pros pobres que afinal tinham tempo pra andar de trem ou seja, eram pobres porque não gostavam de trabalhar.
Na década de 1990 a Macuca foi reformada e colocada na Praça ao lado da prefeitura de Blumenau desde 31 de agosto de 1991.
(Fonte: A Estrada de Ferro no Vale do Itajaí, de Angelina C. R. Wittman, 2001; Luiz Carlos Henkels, 2008). Wieland Lickfeld
Arquivo : Dalva e Adalberto Day /José Geraldo Reis Pfau
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